novembro 08, 2014

A Fuga e o Casamento da Muleca


Nas tuas lides diárias
A tua fé não perdeste
Nem curvaste tua cabeça
Tampouco te arrependeste
Por ter casado menina
Tão criança e tão traquina
E assim ,tu aprendeste!

A tua família inteira
Colocou impedimento
Pertinho do teu amor
Esperavas o momento
De juntar a velha tralha
Por no burro, na cangalha
E partir pro casamento.

O casamento escondido
Pelas bandas do Mané
Tudo feito na surdina
Com a bênça do padre Zé
Bem tiveram os padrinhos
Que os trataram com carinho
E fizeram um cafuné!

Hoje a vida te assoberba
Com trabalho e a filharada
Muita roupa pra lavar
Cozinhar muita rabada
Pra alimentar os tropeiros
Que tangem o dia inteiro
Do patrão, sua boiada

Assim levas tua vida
Na esperança de um dia
Se mudarem pra cidade
Pra viver mais alegria
De ter casa pra morar
Sem patrão pra te mandar
Nem de noite nem de dia

Teu marido acostumado
Com a tristeza da labuta
Vai te ouvindo calado
Enquanto falas da luta
Qu'ele trava o dia inteiro
E quase não ganha dinheiro
Pra comprar doces e fruta!

À noitinha, já na cama
Ele chega com carinho
Te fala palavras doces
Com o seu famoso jeitinho
Te conquista nos abraços
Tu te perdes nos seus braços
E se esquece do docinho!

Já não quer sair do ninho!

*soninha*

Um comentário:

Tunin disse...

Que bonito! Até parece que estou revivendo as historinhas dos tempos de criança quando as moçoilas doidas para casar, deixavam pai e mãe e se aventuram com o amor que "escolheram" para ser seu par.
Muito bom! Legal de ler!
Abração.