janeiro 30, 2014

O Mandacaru Floriu


Quando mandacaru floriu
Na seca do meu sertão
Bonita chuva caiu
Renascendo a plantação
Meu povaréu se uniu
Em bendita oração
Mãe Joaquina rezou
Pra Cosme e São Damião!

Foi um grande rebuliço
Uma alegria geral
As faces com outro viço
Afastaram todo o mal
Fizeram uma festança
Na casa do Vidigal
Comeram muito e beberam
Parecia um carnaval!

A Rosa largou a boneca
Não queria mais brincar
Seus pensamentos voavam
Já pensando em namorar
Achava o vestido feio
Queria um pra "cintar"
E um sapato mais alto
Pra melhor poder dançar

Nem bem nascia o sol
Ela já se maquiava
Olhava o céu suspirando
E a alma rebuliçava
Sequer enxergava a mãe
Que a mandioca fritava
Pra enriquecer o café
Que ela, só recusava!

Ô Rosa que estás pensando
Me responde ó menina
Agora tu vives sonhando
Com uma cintura fina
Vou te levar ao doutor
Pra ver se ele te ensina
A encontrar neste mundo
Aquilo que é a tua sina!

Falava assim o seu pai
Pensando em ajudar
A filha voltar pro mundo
E se esquecer de sonhar
Achando que era doença
Das brabas, de não curar
E os seus olhos cansados
Começavam a marejar!

Assim ele disse e cumpriu
Levou a filha ao doutor
Com um vestido de chita
Na mão um botão de flor
Um chale de algodão
Bordado em furta-cor
Cheirando a flores do mato
Em todo o seu esplendor!

O doutor experiente
Nem sequer examinou
Coçando a sua barbicha
Tão logo sentenciou:
Vá buscar aquele moço
Que você o expulsou
Do coração da tua filha
Ele já se apossou!

O velho ressabiado
Quase bateu no doutor
Pois ele não permitia
Que falassem da sua flor
A sua doce filhinha
O seu mais sincero amor
Aquela que trouxe à vida
Toda beleza e mais cor!

Aos poucos ele entendeu
E começou a enxergar
Que a sua doce Rosinha
Só pensava em namorar
Deu-lhe roupas mais vistosas
Pra ela se enfeitar
Sapatos de salto alto
Pra ela poder dançar!

E o moço mandou buscar!

*soninha*

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